A MISTERIOSA HISTÓRIA DE SER MÃE
Noite passada eu sonhei com meus filhos. Eles eram ainda bem pequenos, o mais novo quase um bebê, o mais velho ali pelos seus cinco aninhos! Acordei sem eles dormindo ao meu lado, aliás, como vinha acontecendo nas últimas noites, por conta de um feriado prolongado. Fiquei o dia todo assim meio esquisita, sonâmbula, procurando meu sonho perdido pelos cantos da casa, debaixo do travesseiro, nos desvãos de minha pobre alma amanhecida e carente de mãe.
Andei pela cidade dirigindo o carro, fiz um monte de coisas, conversei ao telefone, corri velozmente no ritmo de uma esteira de academia, enviei e recebi e-mails, conferi diversas vezes meu orkut e nada daquele vazio passar... Foi então que encontrei a ponta de um cordão suspenso, ou melhor, de dois cordões lembrando uma mesma história, a misteriosa história de ser mãe. Como um filme doce e suave passando ao revés diante dos meus olhos comovidos.
Estava eu ali, lembrando que um dia, cada qual a seu tempo, fomos um só. Que estivemos tão indissoluvelmente atados um ao outro que de nada adiantava agora trezentos quilômetros de lonjura, obrigações universitárias inadiáveis, novos compromissos pessoais, a vida independente como uma fera rugindo lá fora! Nada, nunca, nem a mais afiada das tesouras haveria de nos separar daqueles tempos de água e placenta, de dor e gemido, de choro, choro e riso, riso, riso...
Lembrei do exato momento em que cada um veio à luz. Pensei como é tudo tão perfeito nesse velho plano de Deus! Parir, lançar os filhos ao mundo numa vertiginosa busca de cumprir destinos, de fabricar destinos. Mantê-los por perto mesmo que longe; aceitá-los longe querendo tê-los por perto, tão perto, quase dentro... Amá-los infinitamente mais que a mim mesma e, no entanto, deixar que a vida por si se incumba de traçar-lhes os roteiros de viagem...
Pensei que toda criança que nasce, lançando ao vento seu destino, reinventa um coração de mãe, vulnerável e inquieto. Percorre de novo o mesmo caminho místico do coração de mãe, sobressaltado e arfante. Plantado no presente, um coração de mãe sonhando com futuros incertos, resgatando nostálgicos passados, cuidando para que o dia passe em perfeição e harmonia. Um coração sofredor e preciso, antecipando o próximo minuto, adivinhando o segundo seguinte no tempo dos filhos.
Pode ser que esse não seja todo o sentido da vida: o mundo é um mistério, afinal, e nele há muitas armadilhas... Mas só por ser mãe já valeu a pena existir.
Andei pela cidade dirigindo o carro, fiz um monte de coisas, conversei ao telefone, corri velozmente no ritmo de uma esteira de academia, enviei e recebi e-mails, conferi diversas vezes meu orkut e nada daquele vazio passar... Foi então que encontrei a ponta de um cordão suspenso, ou melhor, de dois cordões lembrando uma mesma história, a misteriosa história de ser mãe. Como um filme doce e suave passando ao revés diante dos meus olhos comovidos.
Estava eu ali, lembrando que um dia, cada qual a seu tempo, fomos um só. Que estivemos tão indissoluvelmente atados um ao outro que de nada adiantava agora trezentos quilômetros de lonjura, obrigações universitárias inadiáveis, novos compromissos pessoais, a vida independente como uma fera rugindo lá fora! Nada, nunca, nem a mais afiada das tesouras haveria de nos separar daqueles tempos de água e placenta, de dor e gemido, de choro, choro e riso, riso, riso...
Lembrei do exato momento em que cada um veio à luz. Pensei como é tudo tão perfeito nesse velho plano de Deus! Parir, lançar os filhos ao mundo numa vertiginosa busca de cumprir destinos, de fabricar destinos. Mantê-los por perto mesmo que longe; aceitá-los longe querendo tê-los por perto, tão perto, quase dentro... Amá-los infinitamente mais que a mim mesma e, no entanto, deixar que a vida por si se incumba de traçar-lhes os roteiros de viagem...
Pensei que toda criança que nasce, lançando ao vento seu destino, reinventa um coração de mãe, vulnerável e inquieto. Percorre de novo o mesmo caminho místico do coração de mãe, sobressaltado e arfante. Plantado no presente, um coração de mãe sonhando com futuros incertos, resgatando nostálgicos passados, cuidando para que o dia passe em perfeição e harmonia. Um coração sofredor e preciso, antecipando o próximo minuto, adivinhando o segundo seguinte no tempo dos filhos.
Pode ser que esse não seja todo o sentido da vida: o mundo é um mistério, afinal, e nele há muitas armadilhas... Mas só por ser mãe já valeu a pena existir.
6 Comments:
ai, caramba......... que maravilha!!!!!!!!!
cada palavra, cada frase, cada parágrafo - o texto inteiro me tocou profundamente.
acho que não adianta muito a gente se preparar pra viver determinadas coisas, mas mesmo assim venho me preparando pra viver o momento da separação [que nem é separação, porque eles continuam de várias outras formas dentro da gente]...
copiei seu post.
guardei pra ler milhões de vezes.
e, chorona que sou, você já imagina como estou agora, né?
um beijo e obrigada por colocar em palavras coisas que eu sinto e não sei dizer.
:***
Tudo sobre minha mãe!
Almodóvariano.
Um beijo
Pois é, mãe... depois de vários dias aí perto eu imagino como você deve estar se sentindo agora, porque é como eu tô me sentindo também.
Já tô com saudade mas daqui há uns dias eu tô aí de novo...
Brigado por tudo!
beijão!
Cleir,
muito lindo seu texto. Vou recomendá-lo pra minha mãe!
Essa relação mãe e filho(a) é muito mágica. É de intensidade e beleza, de transformações, crescimentos, saudades, excessos, de um amor sem tamanho.
e sempre que vejo Mães confessando as dores e delícias da experiência, eu fico pensando o quanto ter um filho enriquece um vida.
mas pra mim, ainda vai demorar!
beijos!
É impressionante o jeito que você escreve,é muito difícil encontrar um texto que tenha tanto sentimento assim!!
Adorei linda ...saudades =/
Beijinhos
;**
É... esse vewio do útero mesmo. Acho que o único homem capaz de escrever um trem desse é o Chico Buarque, e olha lá...
Beijo pra vc, e pros meninos. Que tenham juízo.
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